As aventuras de uma viajante só em Buenos Aires


Obs: o texto foi escrito em uma casa de show de tango, dia 13/02/13, por volta das 21h.

Por incrível que pareça, ninguém me perguntou POR QUE estou viajando sozinha! Coisa incomum na America Latina é ver uma mulher sassaricando e carregando um mapa da cidade e uma garrafinha de água - só e feliz. Já na Europa é mega comum vermos mochileiros e mochileiras em carreira solo, igualmente felizes e com a garrafa de água e o mapa como companheiros. Essas figuras também atravessam o Atlântico com suas mochilonas  para suar aqui nos trópicos - mas carrregam a garrafona de água e torcem para algum nativo hablar inglês.....

Bom, estando sozinha em uma mesa à espera do jantar e do show é claro que os garçons estão me paparicando, mas nenhum foi ‘semetildo’, nem perguntou nada, só foram gentis. Alguns falavam bobagens engraçadas, fizeram-me rir e assim o tempo foi passando. O mais ‘assanhado’ é esse da foto, o Luiz, que me emprestou a caneta e, quando me viu escrevendo, logo deduziu que era uma carta de amor para ele!!! Fi-gu-raaaaa. Ri muito de sua imaginação e avisei-lhe que ele iria parar no meu blog sobre viagens.
Mudando apenas um pouco: por estar sozinha em Amsterdã em agosto de 2010, passei por algo parecido. Estava em Paris e cismei de pegar um trem e conhecer essa cidade gelada; ainda bem que foi só uma noite. Enfim, lá estava eu congelando em um restaurante italiano, bebendo um vinho branco no afã de me esquentar um pouco e esperando a comida. Saindo ainda mais do assunto, tenho uma teoria sobre restaurantes italianos: se você estiver sozinha/o, ou não sabe o que comer, ou não conhece o lugar, ou não quer arriscar a comida típica do lugar – vá a um restaurante italiano, é garantia de diversão e de comida boa!!!! Pude comprovar minha teoria nesse dia! Os garçons italianos estavam ‘em cólicas’ sem saber de onde eu era e por que estava sozinha (percebi porque passaram mil vezes pela minha mesa tentando descobrir o mistério....), até que tocou uma música do Seu Jorge e deu-se o momento cômico quando eu disse em inglês: Vocês estão tocando música brasileira!!!! Prego!!! Brasiliana??!?!?!!? Ficaram tãããão felizes de saber que eu era brasileira! Mas não se contiveram e perguntaram por que motivo eu estava ‘aloooone’ (sozinha em inglês e com sotaque)...... Ri muuuiiiitooo.
 


Voltando: aqui na casa de tango EL QUERANDI (que recomendo) o jantar começou por volta das 20:40h (muito bom), mas já comi o que tinha que comer e o show só começará lá pelas 22h... logo, escrevo.
 
Queria registrar duas coisas tragicômicas nessa viagem solitária:
1 – a parte trágica foi descobrir um barata (sim, isso mesmo, uma monstruosa ba-ra-ta) na cortina do quarto na hora de dormir! Ainda bem que eu sabia dizer o nome do monstro em espanhol e, ao ligar para a recepção, só conseguia repetir: ‘señor, hay una cucaracha, por favor, por favor, por favor.....’. Ele só respondeu: ‘si, señora e desligou. Foram minutos prá lá de tensos porque eu ficava monitorando-a para ver se voava e para onde iria. Cruzes, se ela resolvesse voar eu sairia de pijama porta fora! Minutos de horror vigiando aquela coisa até o rapaz do hotel chegar para matá-la. Pediu mil desculpas e disse que era culpa do calor do verão. Mesmo após seu ato heroico, pedi-lhe para balançar as cortinas para me certificar de que não haveria mais nenhuma encalorada se refrescando no ar condicionado do meu quarto.
 
2 – momento comédia e ‘sem jeito mandou lembranças’ – uma noite, depois de andar muito, resolvi lanchar no quarto bebendo uma cervejinha. Beleza, tinha Stela Artois no frigobar, MAS não tinha abridor de garrafa! Ora, sou uma mulher moderna e prática, logo, farei como todo mundo e abri-la-ei com o que der.... Bom, e o que tinha era a minha pinça de tirar sobrancelha!!! Tcharan!!! Momentos ridículos ao tentar abrir a garrafa com isso. Fui afrouxando a tampinha até batê-la na ponta de ferro do cofre e abrir finalmente a garrafa. Resultado: ESTAVA QUEN-TE. Pensem em todos os palavrões que eu disse, pois não os reproduzirei aqui. Podem rir, mas estão proibidos de perguntar por que não pedi à recepção um abridor.
Por fim, não posso dizer que viajar sozinha é maravilhoso nem péssimo, é uma experiência interessante – com prós e contras. Os prós são: fazer o que quer, a hora que quer, sem negociar roteiros, destinos, nada nada nada. O ruim é ficar pedindo que tirem sua foto. Achava chato pedir e saí em poucas fotos. Ainda bem que já conhecia Buenos Aires. 

Comentários