Certa vez em uma
entrevista de emprego, eu disse que minha qualidade e meu defeito eram os mesmos:
gostar de conversar. Não lembro se fui aprovada para a vaga de emprego, mas sei
que “gostar de conversar” tem sido mais positivo do que negativo ao longo de
minha vida. Gosto de ajudar quando vejo que alguém está perdido na rua, de
puxar assunto quando vou ao banheiro feminino ou de participar das conversas na
copa com os colegas de trabalho. Entretanto, ainda não sou como aquelas
velhinhas solitárias que vão ao mercado para ficar conversando com todos que
param ao lado delas quando estão escolhendo iogurte ou frutas.
Sábado passado
fui à Ilha de Paquetá para o aniversário de uma amiga. Sentei sozinha em uma cadeira ao
lado da janela. Pouco tempo depois chegaram três japoneses para sentar ao meu
lado. Sorri para eles e eles sorriram de volta. Havia um bloco de carnaval
dentro da barca e eles não pareciam interessados nisso. Pensei que estivessem
na barca errada, pois talvez quisessem fazer turismo em Niterói, onde está o
belo Museu de Arte Contemporânea, obra de Oscar Niemayer. Minha língua “coçou”
e perguntei em inglês “de onde vocês vêm?”. A moça do grupo respondeu “do Japão”
com cara de “é óbvio”. Então perguntei por que estavam indo a Paquetá. Ela disse
que já estiveram lá anos antes e que quiseram voltar. Ah. Confesso que sou
MUITO curiosa e quis saber por que a vinda ao Brasil – e a Paquetá – por duas
vezes. Ela então respondeu em Português que adorava o Brasil e que conhecia o
país porque seu amigo já tinha morado aqui. E apontou para um rapaz. Uau, que
surpresa. Então eu resmunguei que estava gastando meu inglês à toa. Não, ela
disse que o marido não falava português e apontou para o terceiro elemento do
trio.
Bom, conversa
vai, conversa vem em Português misturado com Inglês, eu os convidei para o
aniversário da minha amiga Cecília e a simpática japonesa tirou foto do convite.
Nós nos separamos ao sair da barca e nos reencontramos alguns metros depois. Tiramos
uma foto, eu disse que já éramos melhores amigos para sempre – coisas de
cariocas – e reforcei o convite para o bar com samba onde celebraríamos o
aniversário.
Andei pela graciosa
ilha, tomei água de coco e conversei – claro – com a vendedora, a qual contou algumas
curiosidades sobre o lugar, que é um bairro da cidade do Rio de Janeiro. Parei em
um espaço agradável para almoçar, a Casa das Artes de Paquetá, e comi uma
comida deliciosa. Finalmente fui para o bar do aniversário. Ao chegar, avisei à
Cecília que havia convidado três amigos japoneses.
Cecília disse que sabia que três japoneses viriam para o evento, pois a Silvinha os encontrara em um restaurante. Silvinha os ajudou no restaurante explicando como era o sistema “por quilo” e disse que estava em Paquetá para um aniversário. Eles disseram que iriam para um aniversário também e mostraram a ela a foto do convite tirada na barca. Cecilia e Silvinha não estavam entendo nada até eu explicar que os conheci na barca e os convidei.
Cecília disse que sabia que três japoneses viriam para o evento, pois a Silvinha os encontrara em um restaurante. Silvinha os ajudou no restaurante explicando como era o sistema “por quilo” e disse que estava em Paquetá para um aniversário. Eles disseram que iriam para um aniversário também e mostraram a ela a foto do convite tirada na barca. Cecilia e Silvinha não estavam entendo nada até eu explicar que os conheci na barca e os convidei.
Meus amigos acharam
engraçada a coincidência no restaurante e pensaram “que mundo pequeno”... Eles
chegaram ao bar mais ou menos no momento em que a cantora começou sua
apresentação. Ao avistar a cantora, a japonesa exclamou “minha amiga!” para meu
espanto e do bar inteiro. A cantora não só felicitou o encontro como chamou a
moça para cantar. Assim, eu ouvi a japonesa Mami Azuma cantar duas músicas da
Bossa Nova em bom Português: Chega de Saudade e Garota de Ipanema.
+++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++
Japanese woman sings Bossa Nova in Paquetá
Once in a job interview, I said that my quality and my
defect were the same: enjoying talking. I don't remember if I was approved for
the job, but I know that “enjoying talking” has been more positive than
negative throughout my life. I like to help when I see that someone is lost on
the street, to discuss things when I go to the ladies' room or to participate
in the commom area conversations with co-workers. However, I am still not like
those lonely old ladies who go to the market to chat with everyone who stops
beside them when they are choosing yogurt or fruit.
Last Saturday I went to Paquetá Island for a friend's
birthday. I sat alone in a chair by the window. Shortly thereafter three
Japanese came to sit beside me. I smiled at them and they smiled back. There
was a carnival band inside the boat, and they didn't seem interested in that. I
thought they were on the wrong boat, because maybe they wanted to do tourism in
Niterói, where is the beautiful Museum of Contemporary Art, the work of Oscar
Niemayer. My tongue “itched” and I asked in English "where are you
from?" The girl in the group replied “from Japan” with an “it's obvious”
face. So I asked them why they were going to Paquetá. She said they had been
there years before and wanted to go back. Ah. I confess that I am VERY curious
and wanted to know why coming to Brazil - and Paquetá - twice. She then replied
in Portuguese that she loved Brazil and that she knew the country because her
friend had already lived here. And pointed to a boy. Wow, what a surprise. So I
mumbled that I was spending my English for nothing. No, she said that her
husband did not speak Portuguese and pointed to the third member of the trio.
Well, conversation goes, conversation comes in
Portuguese mixed with English, I invited them to my friend Cecília's birthday
and the friendly Japanese woman took a photo of the invitation. We separeted
when we left the boat and met again a few meters later. We took a photo, I said
that we were already best friends forever - things from Rio de Janeiro - and
reinforced the invitation to the bar with samba where we would celebrate the
birthday.
Photo of the trio and I.
I walked around the graceful island, drank coconut
water and talked - of course - with the seller, who told me some curiosities
about the place, which is a neighborhood in the city of Rio de Janeiro. I
stopped at a nice place for lunch, Casa das Artes de Paquetá, and ate delicious
food. I finally went to the birthday bar. When I arrived, I told Cecília that I
had invited three japanese friends.
Cecília said she knew that three Japanese would come
to the event, because Silvinha had found them in a restaurant. Silvinha helped
them at the restaurant explaining what the “per kilo” system was like and said
she was in Paquetá for a birthday. They said they were going to a birthday too
and showed her the photo of the invitation taken on the boat. Cecilia and
Silvinha didn't understand anything until I explained that I met them on the
boat and invited them.
My Japanese friends thought the coincidence in the
restaurant was funny and thought “what a small world” ... They arrived at the
bar around the time the singer started her performance. Upon seeing the singer,
the Japanese woman exclaimed "my friend!" to my amazement and the
entire bar. The singer not only congratulated the meeting but also called the
girl to sing. So, I heard Japanese Mami Azuma sing two Bossa Nova songs
in good Portuguese: “Chega de Saudade” and “Garota de Ipanema”.
Você é uma figura Gisele! kkkk gosto muito das suas crônicas, é bem divertida.
ResponderExcluirAss: Cláudio.
Obrigada, Claudio, pelo elogio e por ser um dos meus 10 leitores... rsrsrs
ResponderExcluirGisele, seu relato foi delicioso. Como faço pra te seguir? rs
ResponderExcluirMiga, seguir o blog? Acho que na página inicial, a esquerda tem como fazer, pelo menos no computador. Mas na versão p celular, ñ sei se dá. Rsrsrsrs
ExcluirSandra, é à direita da tela... Rsrsrsrs. Bj
ExcluirQue história mais gostosa! Já estou shippando essa amizade nipo-brasileira!
ResponderExcluirFoi incrível mesmo! Rsrsrs. Bjinhos
ExcluirSó você Gi!!!! Esse encontro é a sua cara! Bjs
ResponderExcluirAh, quem escreveu e ñ assinou, hein?
ExcluirQue crônica incrível amiga !!! Adorei. Parabéns
ResponderExcluirObrigada! qdo virerem ao rio, vamos à Paquetá! bjkas
ExcluirAmiiga, que leitura deliciosa, amei as dicas de Paquetá! Parabéns e bjos!! :)
ResponderExcluirObrigada! O lugar, os fatos e as pessoas fizeram o texto dar certo... rsrrs bjkas
ResponderExcluirEita que me deu saudade dessa sua espontaneidade....adorei Gi!!! Quero ir para Paquetá com vc!!! Monta uma excursão!!! ������
ResponderExcluirAh, Amiga, saudades de vc tb! Taí uma boa ideia, hein... bjuuu
ResponderExcluirQue delícia!!! Samba, bossa nova, e todos compartilhando a alegria do ENCONTRO :)
ResponderExcluirsim, muito bom!
ResponderExcluir