Sozinha em Nova Iorque - maio de 2015

Foi a primeira vez que viajei sozinha de fato, sem excursão para me adotar e sem conhecer o lugar. Fui sozinha para Buenos Aires passar o Carnaval de 2013, mas eu conhecia a cidade (texto de 25/2/13). Nova Iorque por si facilita a vida de uma viajante solitária porque é fácil se localizar lá e dez mil amigos foram antes de mim e tinham outras tantas mil dicas a me dar. Anotei tudo, li vários guias de viagem, estudei o mapa e os pontos que queria visitar e parti com praticamente um tratado cientifico sobre a cidade.

Mas, quando desembarquei sozinha no aeroporto JFK, deu frio na barriga. Respirei fundo, espantei o medo e localizei o estande do supershuttle, um sistema de vans que leva várias pessoas de acordo com a localidade de seus hotéis. Esse modo de sair do aeroporto é mais barato (22 dólares) que o taxi individual (65 dólares), só que demora mais porque você pode ser uma das primeiras ou uma das últimas pessoas a desembarcar. Como o vôo chegou às seis da matina e o check in seria às três da tarde, não havia motivo para ter pressa.

Tive muita sorte de chegar ao hotel às nove e o quarto estar pronto. Mas, quando entrei no lugar que ficaria seis dias, tive o momento de frio na barriga parte II, pois tinha uma metrópole a explorar sozinha! Enrolei um pouco para sair rumo a minha nova aventura, organizei as roupas no armário e as tralhas femininas no banheiro, olhei o mapa e meu roteiro várias vezes, respirei fundo parte II e saí. A partir daí, tudo fluiu numa boa. De fato, a cidade e fácil de andar, ruas e avenidas numeradas e com a indicação E e W (East or West) nas placas. Isso é muito legal e seria mais útil se eu soubesse quem é quem: leste ou oeste. Ora, se mal sei ler mapas, imagina se saberia de que lado fica o que. Bom, mas fui pela numeração e deu tudo certo.

Vou falar sobre a cidade, meu roteiro e minhas impressões em outro texto. Esse é para encorajar viajantes a não deixarem de viajar se não tiverem companhia. Aliás, sempre que ouço a mesma pergunta “por que você viaja sozinha?”, uso sempre a mesma resposta: “as pessoas que chamo pra viajar ou já conhecem o lugar, ou não tem férias na mesma data que eu ou não tem dinheiro”. Bom, em alguns casos as pessoas querem que eu mude a data ou o destino, o que nem sempre é possível porque eu me organizo com antecedência. Fora que, não correria o risco de fazer isso e a pessoa furar comigo depois. Nada garante que, mudando o meu roteiro ou minha data, terei companhia para viajar. Logo, se quero viajar, viajo. Simples assim.

A sorte que tive na chegada à cidade me abandonou no final: meu voo foi cancelado. Eu viajaria sábado à noite, mas só embarquei domingo de manhã. Frio na barriga parte III, pois não compreendi muito bem o que falavam sobre o que faríamos nesse meio tempo. Falo inglês, mas não com fluência, o que me deixou confusa por um tempo, mas a respiração profunda parte III me acordou para o fato e me juntei a outras pessoas confusas. A American Airlines nos deu vouchers para o jantar, para o traslado ida-volta para o hotel e para o hotel. Perfeito se não fosse feriado na cidade (Memorial Day) e se não estivesse tudo lotado. Quem entendeu logo a situação, partiu para pegar os vouchers e conseguiu bons hotéis. Quem ‘comeu mosca’ como eu, foi para Nova Jersei, a uma hora de Nova Iorque e ficou em um motel, que lá mantém a concepção original de motor hotel, ou hotel de beira de estrada.

Perdi a conta de quantas vezes minha barriga congelou e de quantas respirações profundas tive que fazer para encarar a situação numa boa, afinal eram trezentas pessoas na mesma situação e não havia espaço para chilique, muito menos pânico. Enfim, o medo não é um bom conselheiro e o jeito foi se adaptar à situação e encarar como mais uma historia para contar. Ao final das contas, as pessoas que estavam comigo no traslado eram bacanas, tomamos conta uns dos outros e domingo já éramos a ‘família Swan’, nome do motel.

Por fim, quero recomendar um site super bacana sobre mulheres que viajam sozinhas: Mulheres do Mundo. Esse link direciona para um texto que fala exatamente sobre perder o medo de viajar sozinha. Super recomendo o site e especialmente esse texto, no qual ela descreve uma situação parecida com uma que já vivi: ela ouviu na Itália: “Sem marido?”, eu ouvi em Cancún: “Você é casada? Não? Por que não é casada?”. Ai, preguiça que eu tenho de machismo... 

Comentários

  1. Quando for assim pode me falar, Gisele, pois este ano mesmo eu não vou viajar nas férias de julho porque não tenho companhia. E a cidade que eu iria seria Nova York por causa dos preços em conta das passagens aéreas. Bjs!

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